quarta-feira, novembro 08, 2006

Google Ads

Depois de muito deliberar acerca da questão, decidi tomar um passo decisivo na vida deste blog: aderir aos googleads. Não espero que me traga muito dinheiro até porque, tirando meia duzia de amigos, mais ninguém o visita. Mas achei piada à ideia.
O que é bom nestes ads é que se pode controlar minimamente o conteudo a publicitar. Talvez opte por algo relacionado com música ou literatura. Ou grandes causas humanitárias. Não deve ter grande sucesso, visto o dinheiro arrecadado ser proporcional ao número de clicks em cima daquela bodega. Logo se verá... Talvez quando publicar o meu romance (hipótese que parece ser cada vez mais remota), o blog se torne mais conhecido e esta (in)feliz ideia ainda me vá valer uns trocos.

segunda-feira, novembro 06, 2006

SPAM

Se há coisas que, de facto, me perturbam, uma delas é, sem dúvida, o Spam. Sempre que chego à caixa de correio e vejo o aviso de mensagens novas, não consigo deixar de ficar excitado com a perspectiva de alguém ter, realmente, perdido algum tempo para me escrever. Carrego na caixa de entrada e aguardo ansiosamente enquando o gmail lista os meus emails novos. Qual não é a minha decepção quando, das 250 mensagens novas, 249 são spam. O que sobra... é mais um daqueles chain-mails irritantes que prometem inúmeras atrocidades a quem não o reenviar a todos os contactos da lista...
Perco o meu tempo lista-los todos como SPAM, mas da vez seguinte eles voltam. Voltam sempre. E eu não quero.
Entenda-se... por muito que elas se possam queixar, eu não quero aumentar o tamanho do meu falo. Ele está bem como tá. Sente-se bem com ele próprio e eu não o censuro. Se tivesse de andar todos os dias nos boxers de alguém, entalado entre duas coxas peludas e enormes. não me preocupava muito em arranjar mais uns centímetros. Tentaria algo mais productivo. Um hobby como jardinagem ou assim. Ou dedicar-me ao sudoku.
E porque é que tentam encharcar-me sempre em comprimidos? Se eu precisasse assim tanto de um Valium, iria à farmácia da esquina. "Epá, tou mesmo stressado, preciso de um Valium. Pera, deixa-me ver os mails. Se encomendar uma caixa pela net, devem chegar daquí a umas semanas. Mesmo a tempo!"
E depois há aqueles com ficheiros executáveis, com nomes de actrizes famosas no submundo. "From Pamela Anderson. These are my nude pictures. Enjoy!" Oh! Por favor! Se eu tivesse o peito da Pamela, acho que teria coisas bem mais divertidas para fazer do que enviar a estranhos fotos minhas em poses mais naturais. Bem, mas como gosto de dar o benefício da dúvida (não vá a Paris Hilton ser minha fã secreta), cheio de boa fé, lá abro eu o ficheirozinho. Claro que é sempre uma decepção. Nunca acontece nada. O engraçado é que, tempos depois, o meu PC passa a encravar e tem de ir arranjar. O que me leva a crer que a minha namorada descobriu que ando a ver porn na internet.

sexta-feira, março 04, 2005

The Raven - by Edgar Allan Poe

Estava bastante aborrecido e não sabia bem o que fazer para me distrair. Como tinha acabado o último pacote de chocolates e, de modo algum, me apetecia tentar ler pela enésima vez o Guerra e Paz, acabei por agarrar numa velha edição da poesia de Edgar Allan Poe. Um dos grandes males destas colectâneas é acabar sempre por cair nas páginas dos nossos favoritos, o que torna bastante inútil comprar o livro. Daí deixar o meu sincero apelo às editoras: retirem os índices dos livros de poesia.
The Raven é um dos poemas mais conhecidos de Poe. Foi publicado em Janeiro de 1845, tornou-se no seu maior sucesso e já foi alvo de uma imensa panóplia de teses de doutoramento em literatura inglesa. Inclusive, uma iluminada senhora doutora conseguiu construir mais de 500 páginas unicamente acerca da última estrofe. Nem Poe imaginaria ser possível, o que me leva a pensar que deverá estar um pouco mais feliz na sua campa.

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door —
Only this, and nothing more."

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; — vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow — sorrow for the lost Lenore —
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore —
Nameless here for evermore.

And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me — filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
"'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door —
Some late visitor entreating entrance at my chamber door; —
This it is, and nothing more."

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you"— here I opened wide the door; —
Darkness there, and nothing more.

Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore?"
This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!" —
Merely this, and nothing more.

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.
"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice:
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore —
Let my heart be still a moment and this mystery explore; —
'Tis the wind and nothing more."

Open here I flung the shutter, when, with many a flirt and flutter,
In there stepped a stately raven of the saintly days of yore;
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door —
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door —
Perched, and sat, and nothing more.

Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of the countenance it wore.
"Though thy crest be shorn and shaven, thou," I said, "art sure no craven,
Ghastly grim and ancient raven wandering from the Nightly shore —
Tell me what thy lordly name is on the Night's Plutonian shore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

Much I marveled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,
Though its answer little meaning— little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being
Ever yet was blest with seeing bird above his chamber door —
Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,
With such name as "Nevermore."

But the raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.
Nothing further then he uttered— not a feather then he fluttered —
Till I scarcely more than muttered, "other friends have flown before —
On the morrow he will leave me, as my hopes have flown before."
Then the bird said, "Nevermore."

Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,
"Doubtless," said I, "what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore —
Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore
Of 'Never — nevermore'."

But the Raven still beguiling all my sad soul into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;
Then upon the velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore —
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt and ominous bird of yore
Meant in croaking "Nevermore."

This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing
To the fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;
This and more I sat divining, with my head at ease reclining
On the cushion's velvet lining that the lamplight gloated o'er,
But whose velvet violet lining with the lamplight gloating o'er,
She shall press, ah, nevermore!

Then methought the air grew denser, perfumed from an unseen censer
Swung by Seraphim whose footfalls tinkled on the tufted floor.
"Wretch," I cried, "thy God hath lent thee - by these angels he hath sent thee
Respite — respite and nepenthe, from thy memories of Lenore
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Prophet!" said I, "thing of evil! — prophet still, if bird or devil! —
Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted —
On this home by horror haunted— tell me truly, I implore —
Is there - is there balm in Gilead? — tell me — tell me, I implore!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Prophet!" said I, "thing of evil - prophet still, if bird or devil!
By that Heaven that bends above us - by that God we both adore -
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore -
Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore."
Quoth the Raven, "Nevermore."

"Be that word our sign in parting, bird or fiend," I shrieked, upstarting —
"Get thee back into the tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken!— quit the bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth the Raven, "Nevermore."

And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And the lamplight o'er him streaming throws his shadow on the floor;
And my soul from out that shadow that lies floating on the floor
Shall be lifted — nevermore

Eu adoro este poema porque é... perfeito. É perfeito pela sua musicalidade, cadência, vincada nas repetições e na própria métrica aparentemente desordenada, na transformação do eu lírico e do próprio ambiente, da calma à raiva, depois à loucura. É perfeito pelas figuras mitológicas carregadamente simbólicas, representadas no corvo como o mal, o demoníaco, que vem perturbar o descanso, o busto de Pallas (Apolo), deus da sabedoria, Plutão, deus do mundo dos mortos, até na própria leitura do eu lírico - a quaint and curious volume of forgotten lore -que nos transporta para o mundo mágico do oculto. Mas é verdadeiramente perfeito pelo facto de, sem fugir ao tema mais cliché da poesia, o desgosto amoroso, o usa de modo tão inteligente e profundo. O prazer sentido pelo eu lírico na comiseração, traduzido no debate entre esquecer a sua amada Lenore, e com isso esquecer a sua morte, ou em relembra-la a cada segundo que passa é genialmente mostrado pelo diálogo com o corvo. De facto, ele sabe que este apenas responde nevermore, nunca mais, mas ainda continua o questionário, aguçando o sentimento de perda e o levando, por fim, à loucura.

quinta-feira, março 03, 2005

Muitas vezes me interrogo acerca da complexidade da condição humana e da teia de relações que estabelece com os seus pares e semelhantes. Uma das razões que me levou a escolher esta profissão foi a possibilidade de poder contactar com as pessoas, nos momentos em que se encontram mais debilitadas e ter a possibilidade de as compreender e ajudar. De facto, a enfermidade obriga o Homem a expor-se ao médico de uma forma tão cúmplice que me atrevo a compará-la à relação matrimonial.
Por isso, o papel do médico também passa por compreender o Homem enraizado no seu contexto sócio-economico, cultural, ético e afectivo.

Não posso ignorar a importância dos condicionantes do desenvolvimento humano, devendo sempre tentar compreender cada comportamento ou atitude como resultado de uma história passada, e não como um acontecimento ocasional, isolado e sem importância. Também importante é a compreensão, não só dos condicionantes, mas também da situação de cada indivíduo, ou melhor da sua circunstância. Isto explica, de forma resumida e talvez redutora, que uma mesma pessoa assuma diferentes comportamentos conforme o ambiente em que está integrada. Da conjugação de todos estes elementos resulta uma grande dinâmica e diversidade na personalidade e comportamento humanos. Assim, cada indivíduo vai estabelecendo um equilíbrio dinâmico (entre as fraquezas, vulnerabilidades e a força ou resiliência/resistência). Cabe ao médico tentar perceber esses sistemas interiores da pessoa. E essa é a sua verdadeira responsabilidade.

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Limpo as teias de aranha.
Pois é, o meu blog foi atirado ao abandono. Não por minha vontade, nem tão pouco por falta de inspiração. Mas têm-me faltado tempo (e vontade, sejamos francos) para escrever algo decente. Alem disso, tenho andado concentrado no meu livro que não há meio de acabar, o que deixa o "pseudo-editor" com os cabelos em pé.
Tenho explorado o mundo dos jovens escritores e cheguei a uma conclusão engraçada. Esta "nova corrente literária", a qual tem por tema a fantasia (desde bruxas e feiticieiros, a cavaleiros e dragões) tem feito despoletar novos "talentos" como cogumelos.
As estantes das livrarias juvenis enchem-se de livros, a maior parte de autores com idades inferiores a 30 anos. A maioria não tem interesse algum, puro lixo comercial. Mas outros parecem ser bastante bons. Como exemplo temos "Eragon", um best-seller mundial. O seu autor, Christopher Paolini, tem apenas 20 anos. O livro, em si, não tem nada de especial. Um rapaz normalíssimo, orfão de pai e de mãe, encontra uma estranha pedra que vem mais tarde a descobrir ser um ovo de dragão. Esse acontecimento transporta-o para um mundo fantástico, à là Lord of the Rings, vivendo aventuras com que nunca sonharia antes.
São claras as parecenças com o Senhor dos Aneis, Harry Potter, até mesmo Star Wars. Mas não deixa de ser delicioso por isso. De uma escrita simples, sem muitas descrições, tem acção do principio ao fim. É uma excelente proposta de entretenimento e estou ansioso pelo próximo volume.

No entanto, dá que pensar... o que causou este crescimento abrupto? Será que os jovens de hoje em dia estão mais sensibilizados para a leitura/escrita, com a imaginação mais fertil, contrariando a ideia que os mass-média nos querem impingir? Ou serão as editoras que descobriram a galinha dos ovos de ouro, um mercado lucrativo que tem como base a ávida procura de livros de fantasia? Talvez tenham aprendido a lição com o "Harry Potter" de J.K. Rowling, uma colecção de livros renegada por muitas editoras e que rendeu milhões a quem aposstou nela.

Resta saber quanto tempo durará esta febre...

quarta-feira, novembro 03, 2004

Não acho que a maneira como nos vestimos reflicta a nossa maneira de ser. Existem demasiados condicionalismos que não o permitem. Talvez exteriorize, um pouco, o nosso estado de espirito. Falo por mim, neste ponto. Se me sinto alegre, gosto de vestir o meu casaco amarelo. Se, pelo contrário, me sinto triste, visto-me cores mais escuras. Tanto visto polos como t-shirts, ténis como sapatos de vela. Só não mudo, muitas vezes, os calções, expoente maximo da confortabilidade.
Existe quem critique estas mudanças súbitas de visual. Eu acho saudável. Os estilos, beto, dread, freak... que insistem em atribuir, pouco ou nada me dizem. Mais uma vez, é demasiado reductor caracterizar alguem unicamente pela roupa que veste. E é sempre giro passear pelo serviço de urgência de casaco amarelo. Antes de vestir a bata, é claro.

terça-feira, novembro 02, 2004

No outro dia comprei um livro intitulado “Linguagem Seinfield”, da editora Gradiva / Publicações Fictícias. O “teasing” era da autoria de Nuno Markl e, de facto, cumpriu bem a sua função porque acabei por adquiri-lo. 11€ e era meu.
Cheguei a casa ansioso por começar a leitura, precisava de rir um bom bocado. Mas depois das primeiras páginas, comecei a pensar que o livro talvez não tivesse sido uma tão boa compra como imaginara. Claro que, quando terminei, as minhas suspeitas desvaneceram-se... e transformaram-se em certezas: “O livro tinhas sido uma compra desastrosa”. Não percebi bem porque. Jerry Seinfield sempre teve piada. A serie tinha piada. Eu ria-me com o Seinfield. Com o George. Com a Elaine. E com o Kramer. Eu lembro-me que me ria... eles tinham piada. Cheguei a conclusão que as piadas de Seinfield só têm piada ditas por ele. E lê-las num livro, sobretudo se for traduzido para portugues, é como ver Monty Pyton dobrado em Venezuelano. O Seinfield tem de fazer aqueles gestos de Stand Up ou não funcionam.
Fiquei um bocado frustrado. O dinheiro era para comprar as chuteiras. Já não pude ir treinar à equipe de futebol da faculdade. 11 €... o livro saiu caro. Ora vejam...

O livro marca 139 páginas. Dessas retiram-se: 8 páginas das capas, dedicatorias, etc... (estou a incluir o prefácio). Depois retira-se as páginas em branco que separam os capitulos, ou que tem paragrafos com menos de 5 linhas: 10. Ou seja, 120 +/- pags. Cada página tem uma media de 30 linhas e cada linha uma média de 45 letras..

No total, o livro deve ter cerca de 162000 letras. 0,06 centimos por letra. O_O